Elton Monteiro
Cia da Farsa - companhiadafarsa.blogspot.com
Date: Thu, 22 Jul 2010 10:39:04 -0300
Subject: MYRIAM MUNIZ 2010 – CRITÉRIOS E DIVERSIDADE
From: movimentonovacena@gmail.com
To: eltonmonteiros@hotmail.com
MYRIAM MUNIZ 2010 – CRITÉRIOS E DIVERSIDADE
Reunido em 20 de julho de 2010, mesma data em que a Funarte divulgou a lista dos 68 projetos contemplados pelo Prêmio Myriam Muniz (entre aproximadamente 2.300 projetos inscritos, dos quais mais de 150 são oriundos de Minas Gerais), o MOVIMENTO NOVA CENA, composto por diversos artistas e grupos teatrais de Belo Horizonte, recebeu com consternação a lista dos mineiros selecionados e solicita esclarecimentos urgentes sobre os critérios que nortearam tais escolhas.
Entendemos que o Prêmio Myriam Muniz é um dos principais mecanismos de fomento à criação e à circulação de espetáculos de teatro que não se viabilizam por meio da renúncia fiscal. O que significa que tal mecanismo também representa uma das poucas alternativas para artistas de teatro viabilizarem projetos que não se enquadrem no perfil mercadológico, geralmente privilegiado pelas empresas patrocinadoras via leis de incentivo.
As últimas edições do Prêmio Myriam Muniz colaboraram, inegavelmente, para o avanço da experimentação na linguagem teatral e principalmente, para o surgimento de novos coletivos artísticos no país. Em Belo Horizonte o prêmio tem sido, reconhecidamente, concedido a propostas de montagens voltadas para a pesquisa de linguagem e que propõem a criação de espetáculos das mais diversas linhas investigativas.
Este ano, pela segunda vez, o Prêmio destinou-se também à circulação de espetáculos, numa perspectiva de ampliação e democratização do acesso à diversidade dos trabalhos teatrais produzidos no Brasil. É justamente no que tange à diversidade do resultado que se apresentam nossos principais questionamentos. Conforme divulgado no Diário Oficial da União do dia 20 de julho, os projetos belo-horizontinos contemplados foram:
Circulação de espetáculos:
- "Cia. Acômica – Circulação de Repertório", da Cia. Acômica;
- "Grupo Trama", do Grupo Trama de Teatro;
- "No Pirex em Cena", do grupo Armatrux.
Montagem de espetáculos:
- "Cia Drástica 15 anos", da Cia. Drástica;
- "Meus Pés Saindo de Minha Sombra", de Eid Ribeiro.
Obviamente, diante da escassez de recursos para a cultura brasileira, o número de inscritos foi espantosamente superior ao montante de recursos disponíveis, tornando-os insuficientes para atender à demanda teatral do país. No entanto, os projetos selecionados em Belo Horizonte representam claramente uma mesma "corrente" do teatro na cidade. E, portanto, a pergunta inicial é: como um mecanismo público de fomento, tão concorrido, privilegia com seus parcos recursos orçamentários projetos artísticos tão próximos?
A Cia. Acômica, contemplada para circulação de espetáculos, tem em seu repertório dois trabalhos escritos e dirigidos por Eid Ribeiro ("Anjos e Abacates" e "Lusco-Fusco ou Tudo Muito Romântico"). É ele também quem assina texto e direção de dois espetáculos do repertório de mais um grupo premiado para circular: o Grupo Trama ("Os Três Patéticos" e "O Pastelão"), além de dirigir o último espetáculo do grupo: "John & Joe". Os dois últimos trabalhos do Grupo Armatrux também são assinados – texto e direção – por Eid, são eles: "De Banda Pra Lua" e "No Pirex", este último contemplado para circulação. Por fim, também é de Eid Ribeiro um dos projetos de montagem contemplados pelo Prêmio Myriam Muniz 2010.
Que fique claro: não estamos questionando os méritos artísticos dos contemplados. Menos ainda, contestando a importância desses grupos e profissionais no cenário teatral da cidade. A presença de Eid Ribeiro (respeitadíssimo artista) em 80% dos projetos de Belo Horizonte (15% dos projetos do sudeste) é apenas um indicador da proximidade artística/estética entre as propostas contempladas pelo Prêmio e que, portanto, compromete o critério de diversidade e equilíbrio na distribuição dos recursos. Nesse último quesito, a situação se agrava se considerarmos que a Cia Acômica já havia sido contemplada pelo mesmo edital em 2009.
Esperamos que, com essas considerações, colaboremos para o aprimoramento democrático e transparente de um mecanismo tão importante de fomento à criação teatral brasileira, em toda sua diversidade. Acreditamos que a pluralidade estética deva ser uma preocupação constante do poder público na distribuição de seus recursos.
Finalmente, o MOVIMENTO NOVA CENA convoca para um encontro Marcelo Bones, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte e Mônica Ribeiro, representante de Minas Gerais nesse processo seletivo, para que ambos esclareçam, publicamente, por que esta comissão julgadora desconsiderou tais critérios em sua avaliação.
Belo Horizonte, 21 de julho de 2010
MOVIMENTO NOVA CENA
* A Comissão de Seleção foi formada por Benedita Afonso Martins, Ricardo Ribeiro Libório Junior, Tania Brandão da Silva, Monica Medeiros Ribeiro, José Antonio de Alcântara, Leone Silva, Márcio Altair Boaro, Valência Cunha Losada, Samuel Baldani e Maria Heloisa Coimbra Vinadé como representante da Funarte.
Fontes utilizadas:
http://ciaacomica.blogspot.com/
http://grupotramadeteatro.com.br/site/
http://www.armatrux.com.br/
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