quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

MINISTRA ANA DE HOLANDA




  

 Ministra mudará projetos da gestão anterior


Ana de Hollanda mantém tom elusivo e admite que irá rever as reformas da Lei Rouanet e do Direito Autoral

Titular faz defesa efusiva do Ecad e demonstra desejo de trazer Antonio Grassi para seus quadros 


ANA PAULA SOUSA


ENVIADA ESPECIAL AO RIO 


Ana de Hollanda, a sexta filha do clã Buarque de Hollanda, chegou como quem não quer confusão.
Na primeira entrevista coletiva à imprensa, concedida na manhã de ontem, na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento), no Rio de Janeiro, a nova ministra da Cultura mostrou-se cheia de dedos. Para boa parte das perguntas, sua resposta era preventiva, na linha "ainda preciso analisar".

Mas, a despeito da escolha cuidadosa de palavras, ela admitiu que baixará o mastro das duas principais bandeiras do atual ministro, Juca Ferreira: as reformas da Lei Rouanet, já no Congresso, e da Lei do Direito Autoral.
"É uma questão polêmica, tanto que o Ministério segurou o texto. Vamos ter que revê-la", admitiu, sobre o direito autoral.
"Não podemos ser radicais. A chamada flexibilização do direito autoral já existe na prática. Um artista pode liberar suas músicas. Mas não podemos abrir mão do direito autoral."

A nova ministra mostrou ter uma posição bastante diversa daquela da atual gestão no que diz respeito ao Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos), duramente criticado pelo MinC.

"Não vejo a possibilidade de subordinar uma entidade de classe ao poder executivo", disse, num dos raros momentos enfáticos de sua fala. "Vou ter que buscar uma assessoria, mas precisamos ampliar essa discussão", completou.
Ela também deixou em suspenso o destino da reforma da Lei Rouanet. "É outra questão polêmica. Já ouvi queixas raivosas contra a mudança e já ouvi elogios. Não vou buscar a lei no Congresso porque não tem como tirar, mas temos que acompanhá-la e saber que emendas vamos defender."

ACOLHIDA

Hollanda diz que, entre os incontáveis telefonemas que tem recebido nestes dias, estão também aqueles de pessoas que chegaram a se manifestar pela permanência de Juca Ferreira na pasta.

"Uma coisa é mostrar preferência, outra é se colocar contra", diz. "Muitos dos que o apoiavam já se colocaram à disposição para me ajudar. Não senti qualquer reação negativa da classe artística."

Ela também fez questão de dizer que sua saída da Funarte, há três anos, não foi, de forma alguma, um confronto com o ministério.

"Saí porque o Grassi foi demitido e eu fui convidada por ele. É até uma questão ética colocar o cargo à disposição. Se o Grassi tinha sido mal avaliado, isso dizia respeito a mim também."

MILITÂNCIA

Sempre delicada nas respostas e dona de um sorriso fácil, a nova ministra fez questão de dizer que, há pelo menos 30 anos, discute a política cultural. "Antes mesmo das eleições diretas, eu fazia parte do grupo que discutia todas as áreas da cultura."

Depois de passar pelo CCSP (Centro Cultura São Paulo) e pela secretaria de Cultura de Osasco, ela trabalhou em assessorias e consultorias da área cultural até ser chamada para cuidar do Projeto Pixinguinha, na Funarte, em 2003.
"Nessa época, conversamos com o Brasil inteiro e desenvolvemos as câmeras setoriais", relata. "Essa experiência será importante porque, a partir do dia 1º de janeiro, teremos que p�?r em prática o Plano Nacional de Cultura."
Hollanda reconhece que, durante o governo Lula, o MinC expandiu-se pelo país e criou marcos importantes, como os pontos de cultura e a criação do Instituto Brasileiro de Museus. "Isso tudo foi semeado, agora tenho que dar prosseguimento. Mas cada gestor tem sua visão e estabelece prioridades."

"Vamos trabalhar no governo da presidente Dilma." A ministra também tornou público seu interesse em ter ao seu lado Antonio Grassi, que saiu do Ministério brigado com Gilberto Gil. "Ele é um quadro maravilhoso. Puxa tudo para a frente."

RAIO-X 

ANA DE HOLLANDA 

VIDA 

Nasceu em 12 de agosto de 1948, em São Paulo

OBRA 

Lançou o primeiro álbum, hom�?nimo, em 1980, pelo selo Eldorado, que trazia canções do irmão Chico Buarque ("Angélica") e Noel Rosa ("Tipo Zero"). Vieram depois "Tão Simples" (1995), pela Movieplay, e "Um Filme" (2001), pela Jam Music. "Só na Canção", o disco mais recente, foi lançado no ano passado pelo selo CPC-UMES




Fragilidade institucional do MinC será desafio, diz Juca

DA ENVIADA AO RIO 


Juca Ferreira não escondeu de ninguém o desejo de permanecer no Ministério da Cultura. Não conseguiu. Depois de dois dias de recolhimento, Ferreira falou à Folha, por telefone, pouco antes da primeira entrevista coletiva de sua sucessora. (APS) 



Folha - Como o senhor recebeu a notícia de que sairia do ministério? 

Juca Ferreira - Com tranquilidade. Não há choque. A política tem vários elementos e sua resultante é produto de várias opiniões e determinações. Nunca trabalhei com a ideia de que era natural que fosse eu o ministro. Mas havia um reconhecimento da área cultural de que a continuidade podia ser boa.

O fato de o senhor não ser do PT pesou na decisão?

Pesou. O tempo inteiro foi dito que eu não tinha um partido por trás.

Muita gente enxerga, por trás da escolha, a retomada do projeto inicial do PT, parcialmente abandonado quando Gilberto Gil assumiu. O senhor acredita que a nova ministra retomará o programa petista para a cultura?
É difícil me transportar para o lugar dela. Falei com ela ontem para marcar uma reunião e ela se mostrou muito positiva em relação ao que foi feito até aqui. Estarei com ela na segunda, em Brasília, e aí vou ter contato pela primeira vez com as ideias dela.

Quais são os principais problemas que ela vai enfrentar?

O ministério, no governo Lula, saiu do quase nada para alguma coisa. Brinco que, de um a cem, caminhamos 36,7. Temos uma fragilidade institucional. Ela terá que enfrentar algumas questões administrativas e aprofundar as políticas.

Qual a melhor herança que a sua gestão deixa?

A criação de um diálogo com o meio cultural.

E qual a maior frustração?

Ah, são tantas... Mas frustração é uma palavra forte, até porque saio com a sensação do dever cumprido. Se tivéssemos sido sensatos, não teríamos chegado onde chegamos. Mas bibliotecas continuaram sendo fechadas. Abrimos milhares de bibliotecas, modernizamos e zeramos o número de municípios sem biblioteca e, pela pesquisa do IBGE, descobrimos que ao menos 300 fecharam.

Além das reformas da lei Rouanet e do direito autoral, o que o ministério terá de enfrentar?
Antevejo a necessidade de uma reforma profunda na Funarte, que é desaparelhada, desestruturada e ainda está num nível primário de formulação das políticas.

A Funarte também foi o centro de um conflito político do Ministério com o Antonio Grassi.
Prefiro não falar disso.

Quais são os seus planos?

Não tenho planos. Vivo do que eu trabalho. Vou ver qual é a melhor proposta de trabalho. Mas a assembleia familiar manifestou o desejo de continuar em Brasília.


Frases


"Muitos dos que o apoiavam [Juca Ferreira] já se colocaram à disposição para me ajudar. Não senti reação negativa da classe artística"
ANA DE HOLLANDA 
compositora e nova titular do MinC 

"Antevejo a necessidade de uma reforma profunda na Funarte, que é desaparelhada e está num nível primário de formulação"
JUCA FERREIRA 
ex-ministro da Cultura

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