massa mesmo! corroborando nossas críticas à babaquice da singularidade
financiada pelo google, capitaneada por caras como kurzweil, marvin
minsky...
as experiências são meio complicadas em termos éticos: eles colocam
uns sensores dentro do crânio dos macacos e geralmente mata os
neurônios pois eles não resistem. como neurônio nunca regenera isso é
bronca, não sei como eles tão fazendo agora, se jah conseguiram
resolver esse problema. na ultima vez q tinha lido eles soh conseguiam
usar 80 neurônios... agora já tão usando 1000 segundo ele disse...
caramba.
abraço.
jjR
2011/5/6 Jerônimo Barbosa <jbcj@cin.ufpe.br>:
> (...) essa história de Singularidade, essa ideia de que as máquinas podem
> resolver todos os problemas humanos. Acho mais fácil ter uma invasão de
> aliens que isso que eles propõem acontecer. Eu tenho uma opinião totalmente
> oposta a deles. Não acredito na proposta filosófica de que as máquinas vão
> dominar o mundo e nos substituir. Acredito no oposto, que qualquer máquina é
> uma imagem do que nosso cérebro imaginou. Elas são continuações do nosso
> processo de pensar ou de tentar imitar a natureza. Acredito em um simbiose
> homem-máquina em que o cérebro humano vai continuar controlando e
> assimilando tudo. O cérebro assimila o que usa com frequência, não é a toa
> que somos viciados em celular, computador, TV. Aquilo é parte de nós. A
> imortalidade para mim vai chegar, mas vai acontecer de outra maneira: quando
> pudermos fazer um download dos nossos pensamentos, das nossas ideias, das
> nossas memórias. Isso é possível. Tudo o que fazemos é por meio de sinais
> elétricos e isso pode ser reproduzido até em avatares. Mas um avatar não
> inventa nada, não tem novas experiências. Eu gosto dessa ideia, acho até
> poética, mas não tem nada a ver com a imortalidade física. (...)
>
> http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Nicolelis
>
>
> 2011/5/6 Helio Rodrigues de Oliveira <hro@cin.ufpe.br>
>>
>>
>> http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/brasileiro-cotado-ao-nobel-quer-criar-cidade-do-cerebro-20110506.html
>
>
>>
>> - Quais foram as descobertas mais importantes da neurociência nos últimos
>> dez anos?
>>
>> Miguel Nicolelis – Primeiramente, ela possibilitou observar populações de
>> células de uma dimensão que ninguém tinha visto ainda. No meu livro, separei
>> dez princípios descobertos pela nova neurociência. Experimentos nos últimos
>> dez anos mostraram, por exemplo, que o processamento não é localizado, mas
>> distribuído. Que os neurônios podem participar de vários circuitos
>> simultaneamente. Que o sistema incorpora ferramentas artificiais como
>> extensões do modelo do seu próprio corpo. O nosso corpo não termina no
>> epitélio, mas se estende até o limite da ferramenta que a gente usa sobre o
>> controle do cérebro. E uma série de outras descobertas mais técnicas e
>> específicas, mas que na minha opinião formam o corpo de uma nova ciência do
>> cérebro.
>>
>> - A resposta de um membro biônico já é similar à do corpo? Pode explicar
>> como o órgão se adapta a uma estrutura externa?
>>
>> Nicolelis - Mesmo se você enviar o sinal para o Japão e esperar ele
>> voltar, é 20 milissegundos mais rápido do que o sinal que sai da cabeça e
>> vai para o músculo do macaco. Mas, para que isso ocorra, o cérebro tem de
>> ser retreinado. Esse é outro princípio, o da plasticidade, o cérebro pode se
>> adaptar. Uma vez que você está usando um artefato robótico, artificial, o
>> cérebro tem de remapear sua relação com ele. Nós medimos isso, pela primeira
>> vez, em tempo real. Com isso, o que demonstramos foi a capacidade do corpo
>> de se estender, a libertação dos limites físicos através do cérebro. A mente
>> pode entrar em um diálogo bidirecional com outro dispositivo. Era isso que
>> ninguém sabia ainda. Mas esse meu experimento ainda era uma parte básica da
>> pesquisa. Na verdade, ele surgiu para tentar provar uma teoria de quase
>> duzentos anos. Queríamos resolver essa questão, e conseguimos, mas, no
>> processo, notamos que estávamos mexendo em uma área que tinha um enorme
>> potencial clínico. Poderia realmente ajudar as pessoas.
>>
>> - Quando isso poderá ser aplicado nas pessoas?
>>
>> Nicolelis - Nos próximos três anos e meio queremos fazer a demonstração do
>> projeto Walk Again, um consórcio multinacional de pesquisadores de
>> neurociência e robótica que está desenvolvendo uma estrutura robótica para
>> fazer que tetraplégicos voltem a se movimentar com autonomia completa,
>> apenas com a força do pensamento. Estamos concluindo a primeira fase,
>> demonstrando que é possível extrair sinais de controle motor de todo o
>> corpo. Já mostramos que isso é valido para os membros superiores e
>> inferiores e agora podemos controlar o balanço e o equilíbrio, o que é
>> fundamental para andar.
>>
>> - O primeiro protótipo do exoesqueleto já foi finalizado?
>>
>> Nicolelis - O exoesqueleto está sendo desenvolvido por um roboticista com
>> o qual trabalho há muitos anos, Gordon Cheng. Está sendo finalizado agora,
>> em Munique. Criamos uma versão que será controlada de forma autônoma por um
>> macaco - o que ele pensar, a tecnologia reproduzirá. Será uma estrutura de
>> corpo inteiro, muito similar à que estamos desenvolvendo para a aplicação
>> clínica em pessoas. Claro que o macaco não vai sair jogando bola, mas, se
>> demonstrarmos que ele pode ter autonomia de movimento, cumpriremos o
>> objetivo final. Conseguimos mexer com três variáveis fundamentais: tempo - a
>> tecnologia é mais veloz que o "hardware biológico" -, espaço - o membro
>> biônico pode estar em qualquer lugar do universo - e força - o cérebro pode
>> movimentar um guindaste industrial ou uma ferramenta nanométrica com o mesmo
>> esforço. O controle do robô mistura os sinais dos pensamentos com reflexos
>> robóticos. É como se fosse o corpo da gente, que tem comandos central e
>> local. Ele é movimentado por motores hidráulicos. É feito de um material
>> muito leve, que, apesar de resistente, pode ser dobrado.
>>
>> - Que tecnologias podem surgir a partir do seu trabalho?
>>
>> Nicolelis - O aprimoramento da nanomedicina, por exemplo. Será possível
>> fazer intervenções dentro da célula, retirar uma única célula cancerígena.
>> Teoricamente, com a nossa tecnologia, no futuro, o operador poderia
>> controlar essa ferramenta diretamente pela mente. Também seria possível
>> controlar um foguete com a força do pensamento, ou mesmo um avatar.
>>
>> - Isso não é ficção?
>>
>> Nicolelis - A prova de que isso não é ficção é que a maioria das grandes
>> empresas de tecnologia do mundo já têm departamentos dedicados a estudar o
>> impacto da tecnologia no cérebro e o desenvolvimento de interfaces entre a
>> mente e os computadores. Google, Microsoft, Intel e IBM já têm essas
>> divisões, o que é uma coisa inédita. Eu mesmo já fui palestrar no Google
>> três vezes.
>>
>> - Muito picareta entrou nesse ramo nos últimos anos, puxado por essa onda
>> do futurismo?
>>
>> Nicolelis - Sim, muitos. A maioria ligada a essa história de
>> Singularidade, essa ideia de que as máquinas podem resolver todos os
>> problemas humanos. Acho mais fácil ter uma invasão de aliens que isso que
>> eles propõem acontecer. Eu tenho uma opinião totalmente oposta a deles. Não
>> acredito na proposta filosófica de que as máquinas vão dominar o mundo e nos
>> substituir. Acredito no oposto, que qualquer máquina é uma imagem do que
>> nosso cérebro imaginou. Elas são continuações do nosso processo de pensar ou
>> de tentar imitar a natureza. Acredito em um simbiose homem-máquina em que o
>> cérebro humano vai continuar controlando e assimilando tudo. O cérebro
>> assimila o que usa com frequência, não é a toa que somos viciados em
>> celular, computador, TV. Aquilo é parte de nós. A imortalidade para mim vai
>> chegar, mas vai acontecer de outra maneira: quando pudermos fazer um
>> download dos nossos pensamentos, das nossas ideias, das nossas memórias.
>> Isso é possível. Tudo o que fazemos é por meio de sinais elétricos e isso
>> pode ser reproduzido até em avatares. Mas um avatar não inventa nada, não
>> tem novas experiências. Eu gosto dessa ideia, acho até poética, mas não tem
>> nada a ver com a imortalidade física. No futuro, quando criarmos métodos não
>> invasivos para captar a atividade cerebral com grande resolução - e esse
>> equipamentos vão vir, é inevitável - ou mesmo se um dia as pessoas acharem
>> que tudo bem implantar um chip, poderemos registrar milhares, um dia quem
>> sabe milhões, de células individuais ao mesmo tempo. Hoje conseguimos
>> registrar cerca de mil células ao mesmo tempo. Nesse patamar, já é possível
>> sonhar com alguém andando, e é isso que eu quero fazer na abertura da Copa
>> do Mundo, aqui no Brasil, com um adolescente brasileiro.
>>
>> - O cérebro humano pode ser simulado por um computador?
>>
>> Nicolelis - Nunca. Não há como reduzir a nossa mente, que é o produto de
>> uma infinidade de eventos aleatórios, a um simples algoritmo. Existe um
>> conceito, de numero ômega, que é o número mais aleatório que se pode criar.
>> O processo evolutivo humano é exatamente isso.
>>
>> - Como você vê o modelo de investimento científico nos Estados Unidos e no
>> Brasil?
>>
>> Nicolelis - Os EUA estão em uma crise séria de pesquisa. Eles estão tendo
>> um êxodo enorme. Ainda colocam uma quantidade enorme de dinheiro em ciência,
>> mas o parque científico deles é muito grande. Para sustentar isso, mais de
>> US$ 250 bilhões por ano, cerca de US$ 500 bilhões contando empresas
>> privadas. O Brasil investe US$ 4 milhões. Quando eu falo que quero criar a
>> Cidade do Cérebro em Natal, poucas pessoas me entendem. Mas existe algo bem
>> previsível: alguém vai ter o primeiro parque neurotecnológico do mundo. E eu
>> acredito que pode ser o Brasil. É o momento ideal para o Brasil se tornar um
>> país que produz tecnologia de ponta, não dá só para ficar copiando o que os
>> outros fazem. A nossa ciência precisa ser mais inovadora. O Brasil nunca
>> pôde praticar a inovação. Quando conseguiu, se deu bem: Embraer, Petrobras,
>> Vale do Rio Doce. Mas um dia o minério de ferro vai acabar, precisamos
>> produzir conhecimento. Temos de ensinar as crianças, desde bem cedo, a
>> pensar criativamente. Não dá para importar inovação. Nos EUA, eles têm a
>> ousadia no DNA, não sofrem com uma educação de colonizado como nós. Os
>> norte-americanos não dormem no ponto. Muito menos na ciência. Quando eles
>> veem que precisam investir, vão com tudo, como foi o caso da corrida
>> espacial, que incentivou o pensamento criativo de uma maneira
>> impressionante. Ainda hoje, os EUA vivem a última onda da inovação trazida
>> pelo projeto espacial. Os engenheiros de ponta, matemáticos e molecada que
>> cria ciência hoje, é toda daquela geração. O Brasil inteiro precisa ter uma
>> educação libertadora. E não pode esperar que os talentos venham só de São
>> Paulo. Pensa no Rivaldo, ídolo do meu Palmeiras. Ele foi visto na periferia
>> de Pernambuco, jogando na rua. Se tem olheiro para futebol, por que não tem
>> para a ciência? A academia brasileira não dá a cara para a sociedade. Nos
>> EUA é diferente, o povo sabe que paga pela ciência. Meu vizinho chega para
>> mim e pergunta o que estou fazendo com o dinheiro dele.
>>
>> - Você é um crítico do modelo de universidade adotado no Brasil, que chama
>> de "colonial". O que deve mudar? Como vocês estão conseguindo financiar o
>> Campus do Cérebro, em Natal?
>>
>> Nicolelis - Somos um projeto privado, temos parcerias com o governo
>> federal, mas temos de achar recursos no mundo inteiro. Estamos conseguindo.
>> Para cada R$ 1 público que conseguimos, temos R$ 1 ou R$ 2 privados. Por
>> isso, a Cidade do Cérebro, última fase do projeto, é nossa ideia de
>> autossustentabilidade. Já a academia brasileira é muito provinciana. Vê mal
>> quando um cientista escreve um livro como o meu, de divulgação científica.
>> Bem, eu escrevi porque isso é importante. As pessoas têm imagens de pura
>> ficção na cabeça, de Hollywood, e alguém precisa chegar para elas e explicar
>> como funciona. Na área tecnológica, as pessoas têm essas fantasias de que as
>> máquinas vão nos dominar, de que o Big Brother vai entrar nas nossas mentes.
>> Isso tem de ser esclarecido. Nos EUA, isso é bem-vindo. Aqui não. Acredito
>> que, no futuro, o conhecimento produzido por essas instituições será
>> inteiramente colaborativo. É só ver o projeto Walk Again, que envolve duas
>> instituições alemãs, uma suíça, a Universidade Duke e o nosso instituto em
>> Natal. A lógica colaborativa é muito emblemática do que o cérebro faz, por
>> isso funciona tão bem.
>>
>> - Como assim?
>>
>> Nicolelis - Eu tenho uma teoria, que ainda não posso provar
>> cientificamente e que por enquanto é só uma hipótese, de que os modelos
>> colaborativos funcionam tão bem porque a mente os reconhece como naturais.
>> Somos animais sociais, não é à toa que as redes sociais são um sucesso.
>> Temos de ter contato com os nossos pares. Nossas ações o muitas vezes são
>> mímicas de como nossa mente age, até nossos modelos políticos refletem isso
>> - nosso cérebro é uma democracia. Nós nos sentimos bem nesse modelo
>> distribuído, exemplificado pela internet. Nossa cabeça funciona assim.
>
>
> --
> Jerônimo Barbosa
> jeraman.info
>
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