Clássicos sobre a juventude são o tema da nova temporada do "Café com cinema" no Espaço Aberto Pierrot Lunar
A Cia. Pierrot Lunar realiza nova temporada do projeto "Café com cinema" sempre às quartas-feiras de junho, às 19h, com entrada franca no Espaço Aberto (Rua Ipiranga, 137, Floresta), tendo início no dia 5. A proposta de curadoria, denominada "Olhares sobre a juventude", é um desdobramento do tema "juventude" que assinala as comemorações dos 20 anos da Cia. Pierrot Lunar, que tem apoio da 5ª edição do Cena Minas – Prêmio Estado de Minas Gerais de Artes Cênicas.
O projeto "Café com cinema"
Perseguindo a tradição do bairro Floresta, um dos mais antigos de Belo Horizonte que já abrigou o Cine Floresta e Cine Odeon, o projeto "Café com cinema" do Espaço Aberto Pierrot Lunar busca devolver uma parte da cultura cinematográfica do bairro, revisitar a memória e rever grandes obras do cinema, tanto estrangeiras quanto brasileiras. A sessão é seguida por um café servido ao público para estimular conversas e discussões sobre os filmes assistidos. O debate é estimulado pelo curador da mostra que apresenta a obra, seus realizadores e sua importância dentro da cinematografia. Trata-se de uma ação do grupo extensiva à comunidade residente em torno do espaço no bairro Floresta, composta em larga medida por idosos, e espectadores interessados.
Curadoria "Olhares sobre a juventude – Clássicos"
Para a temporada "Olhares sobre a juventude – Clássicos" foram selecionados quatro filmes que tratam a adolescência como categoria sociocultural e marcaram o cinema norte-americano em seu período áureo: "Anjos de cara suja", "O selvagem", "Juventude transviada" e "Os cowboys", curadoria proposta pelo Prof. José Ricardo Faleiro Carvalhaes (PUC-MG).
"Anjos de Cara Suja" (1938) conta a história de dois amigos de infância que se reencontram na vida adulta. O primeiro tornou-se padre e o outro um gangster. O bairro onde vivem é pobre, e a molecada que vive ali vê o gangster como um ídolo. O enredo desenvolve-se em torno da disputa dos dois ex-amigos pela alma dos adolescentes, cada qual tentando influenciá-los do seu modo.
"O Selvagem" (1953) retrata as disputas entre gangues de adolescentes que se tornaram comuns nos EUA naquela década. Uma pequena cidade do interior é invadida por jovens motoqueiros que perturbam a tranquilidade do lugar. Ainda, o líder de uma das gangues apaixona-se pela filha do xerife e ainda tem que enfrentar o psicótico líder do gupo rival.
"Juventude transviada" (1955) trata do tema clássico do conflito de gerações: jovens que não conseguem se entender com seus pais e procuram construir uma identidade própria, refutando os valores e referências da família tradicional, sem, no entanto, saber exatamente o que pretendem criar como alternativa àquilo que refutam. O crescente envolvimento amoroso do par protagonista vai gerar conflitos com o até então namorado da moça e o desajuste de um dos personagens – que é mal amado pelos pais - produzem desfechos trágicos.
Por fim, "Os cowboys" (1961) é um faroeste que trata do tema da passagem da adolescência para a vida adulta. Um comerciante de gado, diante da falta de mão de obra na região, contrata um grupo de garotos para ajudá-lo a conduzir seu gado até o local da venda, há muitos quilômetros de distância. No caminho, o grupo enfrentará uma série de perigos e desafios, que incluem o estouro da manada e a luta contra bandidos. O resultado é a transformação dos meninos em homens. O enredo desenvolve-se como um ritual de passagem para a garotada, sem dispensar alguns episódios trágicos.
Destes quatro filmes, "O Selvagem" e "Juventude Transviada" são os que explicitamente pretenderam lançar um olhar sobre o universo da adolescência na época em que esses jovens começavam a demonstrar sua insatisfação com a moralidade tradicional vigente, num processo que veio, mais tarde, a desembocar na contracultura e nos movimentos de contestação associados a ela. Por serem pioneiros no tratamento deste tema, por terem tido o reconhecimento da crítica e sido produzidos na década de 50, os dois filmes são considerados clássicos incontestáveis.
"Anjos de Cara Suja" tem seu foco na questão social: a pobreza e a falta de perspectiva de futuro como fatores que condicionam o processo de formação e de inserção dos jovens no mundo. Não se trata, neste caso, de retratar adolescentes em busca de uma identidade própria, mas sim em busca de uma referência para a vida adulta: a do padre ou a do gangster. Neste sentido, há uma semelhança com "Os Cowboys" na medida em que a transformação pela qual os meninos passam durante a viagem é orientada pela personalidade do dono do gado, cuja valentia e experiência de vida lhes servirão de exemplo.
AGENDA
05/06, 19h: ANJOS DE CARA SUJA
Título Original: Angels With Dirty Faces.
Duração: 97 minutos.
Ano: 1938.
Origem: EUA.
Gênero: Drama.
Direção: Michael Curtiz.
Elenco: James Cagney, Pat O'Brien, Humphrey Bogart, Ann Sheridan.
12/06, 19h: O SELVAGEM
Título Original: The Wild One.
Duração: 79 minutos.
Ano: 1953.
Origem: EUA.
Gênero: Drama.
Direção: Laslo Benedek.
Elenco: Marlon Brando, Mary Murphy, Lee Marvin.
19/06, 19h: JUVENTUDE TRANSVIADA.
Título Original: Rebel Without a Cause.
Duração: 111 minutos.
Ano: 1955
Origem: EUA.
Gênero: Drama.
Direção: Nicholas Ray
Elenco: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo.
26/06, 19h: OS COWBOYS
Título Original: The Cowboys.
Duração: 131 minutos.
Ano: 1972.
Origem: EUA.
Gênero: Western.
Direção: Mark Ridell.
Elenco: John Wayne, Bruce Dern, Robert Carradine.
Currículo Prof. José Ricardo Faleiro Carvalhaes
É Bacharel em Ciências Sociais e Mestre em Sociologia, ambos pela UFMG, e professor universitário desde 1991, atualmente lecionando disciplina de Ciência Política na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Anteriormente, foi Reitor, Professor de graduação e pós-graduação e Coordenador de Pesquisa do Centro Universitário de Belo Horizonte. Seu interesse por cinema se iniciou na infância, assistindo aos clássicos americanos que, na época, eram exibidos pela televisão. Esse interesse levou-o a ler e estudar alguns livros sobre o tema, especialmente sobre a construção da linguagem cinematográfica. Trata-se, portanto, de um fã, diletante e autodidata.
CONTATOS
CIA PIERROT LUNAR
(31) 2514-0440 | (31) 8701-6521
Espaço Aberto Pierrot Lunar
Rua Ipiranga, 137, Floresta (esquina de Rua Pouso Alegre)
www.espacoabertopierrotlunar.blogspot.com
Facebook: Cia Pierrot Lunar
Twitter: @CiaPierrotLunar
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