Artistas de todas as categorias, jornalistas, entidades de classe da sociedade civil, personalidades, intelectuais, professores, têm se reunido há alguns dias no Sindicato dos Jornalistas de MG, para esboçar um movimento contra os arbítrios, contra a censura e contra as agressões que vêm sofrendo várias manifestações do pensamento e da criação artística em Minas e no Brasil, comandadas pelos evangélicos mais fundamentalistas e, mais recentemente, por católicos retrógrados pertencentes à renovação carismática.
Aqui em Minas este terrorismo religioso e fascista foi protagonizado contra a exposição de Pedro Moraleida no Palácio das Artes.
A censura às artes e à liberdade de expressão é um movimento orquestrado pelos neofascistas brasileiros que se uniram a religiosos raivosos para levar a cabo a destruição da cultura plural e diversa do povo brasileiro. Estes grupos da extrema direita que saíram do armário nos últimos anos, são vários e ruidosos e querem cercear as liberdades civis garantidas pela Constituição Federal, acabar com o estado laico e implantar um governo que remonta aos tempos da inquisição. Convém lembrar também que foi desta forma que em 1933, a Alemanha de Hitler destruiu toda a arte e o pensamento daquele país e depois de toda a Europa, implantando uma estrutura policial-militar de governo que deu no que todos sabem.
Ao deparar-me com os descalabros que vêm sendo cometidos em nosso país, lembrei-me do nosso passado recente de combate à ditadura, à censura e aos fascistas que atrasaram em mais 30 anos os avanços que a sociedade brasileira exigia.
Como podem ver a história tende a se repetir de tempos em tempos. É preciso dizer: - basta! Partir para o enfrentamento, defender as instituições livres e democráticas e defender em especial, o futuro de nossos filhos, netos e garantir a liberdade de expressão e criação para sempre em nosso país, da forma como está contemplada em nossa Carta Magna.
Não é possível admitir retrocessos e nem se intimidar diante da intolerância e virulência de quem se arvora em dono da verdade única e imutável. Estes são os fundamentalistas que se assemelham ao que vemos hoje no oriente médio com o surgimento de grupos religiosos, terroristas e fanáticos, jamais visto. Estas seitas e doutrinas que, em nome de uma pretensa religião salvadora, matam, destróem e eliminam tudo que sequer entendem e que consideram um perigo para seus planos de chegar ao poder, dominar e escravizar pela ilusão do dogma, os mais frágeis e ignorantes a respeito de sua própria história e condição humana.
Da minha parte, junto a minha voz a milhares que estão nesta luta pela criação da FRENTE NACIONAL DE LUTA CONTRA A CENSURA e convoco a todos os que ainda prezam sua liberdade para um encontro no Teatro da Cidade, nesta terça-feira, dia 14/11/2017, às 19 horas, para que possamos traçar as estratégias de um ato público contra a censura e o obscurantismo.
Peço que repassem a seus contatos. Esperamos vocês.
Em nome do coletivo do Sindicato dos Jornalistas,
**Aproprio-me abaixo da poesia de resistência de um dos grandes poetas brasileiros, para que possamos permanecer vigilantes, lúcidos, atentos e fortes ao momento histórico que atravessamos.
Pedro Paulo Cava
(31) 3273-1050 - Teatro da Cidade - após 14:30h
(31)99982-4631
www.teatrodacidade.com.br
Trecho de "No Caminho com Mayakóvsky",
De Eduardo Alves da Costa, poeta paulistano.
...Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer mais nada.