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Ascensão e queda da TV paga no Brasil Posted: 06 Nov 2009 04:00 AM PST Por Sergio Kulpas, do Webinsider. Demorei mais do que pensava para escrever o segundo artigo desta série (leia o primeiro texto). Li todos os comentários dos leitores (agradeço a todos pelos elogios e críticas). Recebi dicas importantes de colegas. Dei atenção especial a uma série de notícias publicadas sobre o setor. E assisti um volume quase intoxicante de TV. Pelos comentários dos leitores, é fácil perceber que o nível de insatisfação é alto. E basta olhar a seção de reclamações dos jornais, os sites de órgãos de defesa do consumidor e dezenas (centenas?) de fóruns e blogs para ver que a coisa está feia para as operadoras de TV paga. Junto com bancos e companhias telefônicas, estão entre as empresas mais odiadas por seus clientes. Motivos não faltam. As repórteres Denise Menchen e Paula Nunes, da Folha de S. Paulo, denunciaram há algumas semanas que as operadoras de TV paga estão agindo de forma cada vez mais predatória com seus clientes. Estariam praticando um tal “upgrade forçado”: um belo dia, o cliente descobre que vários canais de seu pacote sumiram e que para recuperá-los, terá que pagar mais. A operadora alega que o pacote contratado “expirou”. Em outros casos, canais são cancelados sem retorno – e isso sem que o cliente seja consultado ou reembolsado pela perda. As repórteres relatam vários casos de quebra de contrato, e a imposição (ilegal) de reajustes nas mensalidades. A frustração dos assinantes está na estratosfera. Imagine o sentimento do assinante ao saber que, em outubro, a NET anunciou que bateu seu recorde de lucros no trimestre, chegando a quase US$ 250 milhões. O Fernand Alphen me lembrou de um artigo publicado pelo Paulo Rebêlo no Webinsider em 2005 (Comércio pirata de sinal de TV a cabo prospera) que motivou centenas de comentários de pessoas interessadas em “comprar o kit” de pirataria de sinal de TV. É uma boa indicação do universo invisível de “assinantes informais”, a ponta do iceberg da crise que as empresas fingem não ver. Enquanto isso, a orquestra vai tocando no convés do Titanic. É importante frisar que os donos do setor de TV paga no Brasil formam um clube muito pequeno. O combinado NET/SKY-DirecTV reúne o grupo Globo e a News Corp de Rupert Murdoch. A TVA, antes do Grupo Abril, foi comprada recentemente pela Telefônica, uma das maiores teles do mundo, com negócios em vários continentes. E a Embratel foi comprada pelo magnata mexicano Carlos Slim Helu, um dos homens mais ricos do mundo. Nos últimos dez anos, uma onda de aquisições e fusões concentrou a TV paga na mão dessa meia dúzia de quatro. E qual foi o resultado? Mesmo com empresas gigantescas, atuantes em todos os setores de produção e distribuição, mesmo com grifes bilionárias, a TV paga tupiniquim é anêmica e cresce a passo de tartaruga. É uma estranha receita: empresas bilionárias oferecendo um produto fraco, progressivamente mais pobre e cada vez mais caro. Em pleno século 21, querem agir como os lendários “robber barons” do século 19, os bandidos sem escrúpulos que geraram o capitalismo americano. Ladrões casca-grossa, que viraram banqueiros, donos de ferrovias, capitães de indústrias. |
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