Newsletter | ‘Força-Tarefa’ ganha identidade e se firma como ótima série |
‘Força-Tarefa’ ganha identidade e se firma como ótima série Posted: 06 Apr 2010 08:00 PM PDT Surpreendente a estréia da segunda temporada de Força-Tarefa. Após diversas tentativas, chegamos lá. Temos uma série policial brasileira bacana. Analisar Força-Tarefa não é algo simples. Não há aqui uma indústria de séries como a norte-americana. Assim, penso se devo comentar o que assisti utilizando como parâmetro as produções internacionais ou brasileiras. Confesso rigor exagerado com as atrações tupiniquins. Por exemplo, não me espanta um agente federal salvar seu país em apenas um dia e repetidas vezes. Porém, incomoda ouvir frases como “muita crueldade, coronel” e “esses meninos foram durante torturados” após a exibição da cena de dois adolescentes mortos e espetados em vergalhões como churrasco grego. A situação em si é chocante, não há necessidade de didatismo. Falta de critério, dirão alguns. Não. São os pequenos detalhes que contribuem para a construção de uma boa série. Foi aí que o diretor José Alvarenga Jr. e os roteiristas Fernando Bonassi e Marçal Aquino mostraram avanço logo na estréia da segunda temporada de Força-Tarefa. Permaneceu e foi aperfeiçoado tudo o que funcionou muito bem durante o ano de estréia. Força-Tarefa é tecnicamente perfeita. A fotografia em alta definição é de encher os olhos. Além disso, o cuidado em mostrar a realidade deve ser destacado. Tudo é muito cru. Nada de um IML insípido e inodoro como em CSI. No Rio de Janeiro, ele é asqueroso e está caindo aos pedaços. Além disso, os responsáveis pela série souberam ouvir os grupos de pesquisa e as críticas publicadas, inclusive em meu finado blog, o Poltrona. Algumas novidades anunciadas logo ao fim da primeira temporada de Força-Tarefa foram muito bem-vindas. Se avaliarmos algumas das séries policiais norte-americanas de maior sucesso da atualidade, como a franquia NCIS e The Mentalist, notamos que as cenas de ação são raras e, em muitos casos, ausentes. A estréia da segunda temporada de Força-Tarefa mostrou que não é preciso insistir em perseguições e afins para se firmar como série policial. A interessante premissa da atração, o trabalho da Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro, mostrou que o caminho passa por roteiros que envolvam mais tempo dedicado a inteligência e a investigação, como em Cold Case e Law & Order: SVU. Também é evidente a maior preparação do elenco, que trabalha em seus personagens desde o segundo semestre de 2009. Os atores estão à vontade e convicentes – com a surpreendente exceção de Milton Gonçalves, que mais parece um religioso pregando do que um policial que lida com uma instituição corroída pela corrupção. Porém, no geral, quem deixava a desejar melhorou e quem já estava bem apareceu mais afiado, como Rogério Trindade, o fantasma Jonas, provocativo no papel da atormentada consciência do tenente Wilson. Murilo Benício não dá espaço a maniqueísmos em seu personagem. Atento aos pequenos detalhes, como a caracterização (o ator engordou muitos quilos para o papel), ele dá vida a um policial que é honesto, mas está longe de ser herói. Impulsivo e rude, não sabe lidar com a gravidez de risco da namorada e vive se questionando sobre sacrifícios que faz em nome da profissão. A cena final do episódio de estréia da segunda temporada de Força-Tarefa sintetiza o avanço da série. O tenente Wilson poderia se redimir de toda sua grosseria aparecendo com um buquê de rosas para Jaqueline (Fabíula Nascimento). Mas, em vez de um final feliz, ele acaba na praia, só e atormentado por sua consciência, sem saber muito ao certo qual o rumo de sua vida após descobrir que será pai. |
You are subscribed to email updates from Ale Rocha To stop receiving these emails, you may unsubscribe now. | Email delivery powered by Google |
Google Inc., 20 West Kinzie, Chicago IL USA 60610 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário